Balaios Baniwa – Cestaria Indígena Em Fibra De Arumã

Os Baniwa são um grupo multiétnico de povos indígenas que vivem no noroeste amazônico e nas regiões de fronteira com a Venezuela e Colômbia. São amplamente reconhecidos pelo seu trabalho na arte da cestaria, especialmente a produção em fibra de arumã, uma planta da família das marantáceas que cresce em áreas semi-alagadas, como às margens de rios e igarapés. Os artesãos colhem os caules mais altos e maduros da planta, preservando os talos menores para garantir futuras colheitas, seguindo um processo de manejo sustentável.

Entre a variedade de cestos que eles produzem, destacam-se os balaios (waláya), utilizados no manuseio da massa de mandioca e para servir alimentos. Tradicionalmente, a técnica era ensinada aos jovens durante um período de reclusão, que fazia parte do ritual de iniciação masculina. Hoje em dia, as mulheres também participam da produção dessas peças, que são consideradas complexas devido ao seu acabamento com beirais e ao formato côncavo.

As cores dos cestos são obtidas de forma artesanal. Para criar a cor vermelha, os Baniwa extraem pigmentos do urucum e do crajiru. Para obter a cor preta, utilizam cinzas resultantes da queima de cerâmica e fuligens de lamparina. A fixação é feita com seivas vegetais. Além disso, algumas hastes não são tingidas, preservando a coloração natural em tom caramelo. Nas tramas, surgem padronagens criadas a partir das sílabas gráficas — um sistema simbólico milenar, que se destaca pela extraordinária geometria.

O artesanato em arumã tem expressiva importância cultural e econômica para a população Baniwa. Suas comunidades valorizam as relações com não-indígenas, no intuito de fortalecer o respeito às suas tradições no contexto contemporâneo.