Cajueiro – Givanildo – Xilogravura Assinada

Givanildo Francisco da Silva (1962–2022) falava da sua profissão com desembaraço. “Veja bem, xilogravura é como um carimbo grande”, ele brincava. Provavelmente, essa simplicidade refletia sua habilidade técnica desenvolvida ao longo de mais de 40 anos. No entanto, suas obras transcendem as palavras e demonstram um imaginário rico e complexo.

Desde jovem, Givanildo trabalhou como impressor para seu tio, o Mestre J. Borges, e se apaixonou pela arte da xilogravura. Aos 20 anos, iniciou sua carreira como artista e cordelista, mas os rendimentos não eram suficientes e ele precisou trabalhar em outras áreas, como pedreiro, carpinteiro e camelô. Em 1990, mudou-se para Guarulhos (SP), para trabalhar na indústria. Após alguns anos, ele voltou a Pernambuco e continuou a produzir xilogravuras, apesar das mesmas dificuldades.

Em 2004, conheceu o antiquário Paulo Vasconcellos, que foi fundamental em sua carreira e o ajudou a promover seu trabalho na capital paulista. Com muita dedicação e empenho, Givanildo montou o seu próprio ateliê em Bezerros (PE) e produziu intensamente até 2022, deixando sua marca na história da arte popular brasileira.

SOBRE A TÉCNICA

A xilogravura é uma técnica milenar na qual o artista utiliza goivas e facas para entalhar uma placa de madeira. Assim, ele cria uma matriz, semelhante a um carimbo. Em seguida, a superfície dessa matriz é entintada manualmente com um rolo ou pincel, podendo ser em preto ou colorida. Devido ao baixo relevo, as partes esculpidas permanecem sem tinta.

Posteriormente, um papel é prensado sobre a matriz, resultando na impressão da gravura. O artista finaliza a obra assinando-a a lápis, o que valida sua autenticidade. Quando a edição é limitada, a numeração também é indicada. É interessante observar que o conteúdo é gravado na matriz de forma invertida e, após a impressão, ele aparece no papel com a orientação correta.